Nos últimos meses, Kiev recebeu armamento no valor de 1.500 milhões de dólares, em contexto de tensões fronteiriças entre a Ucrânia e a Rússia, segundo revelou o ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) ucraniano.
Dmitro Kuleba, em conferência de imprensa e citado pela agência noticiosa EFE, afirmou que “Continuamos a construir uma coligação internacional de apoio à Ucrânia. Graças a este trabalho, a Ucrânia recebe hoje mais apoio político, económico e de segurança”.
De acordo com Kuleba, o governo ucraniano procura discutir o fornecimento de armas com Annalena Baerbock, ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, que se deslocou, esta segunda-feira, a Kiev, e com Emmanuel Macron, presidente francês, que chegará à capital ucraniana no dia 8 de fevereiro.
O MNE ucraniano afirmou que irá falar com Baerbock relativamente à recusa do governo de Berlim em permitir a países terceiros ou organizações o envio de armas alemãs para a Ucrânia.
Segundo as autoridades ucranianas, esse bloqueio poderá prejudicar as relações bilaterais com Berlim, que considera tal atitude contraproducente no contexto de tensões na fronteira com a Rússia.
Berlim mantém-se firme na posição de que as armas não podem resolver um conflito, tendo, no entanto, indicado que poderá bloquear o gasoduto Nord Stream 2, entre a Rússia e a Alemanha, em caso de agressão russa.
Por sua vez, os Estados Unidos da América e o Reino Unido têm sido os mais ativos no armamento do exército ucraniano, bem como o Canadá, a Polónia e os Estados Bálticos, que receberam autorização norte-americana para o fornecimento de equipamento.
Oleksii Reznikov, ministro da Defesa ucraniano, afirmou que Berlim prometeu 5.000 capacetes militares e hospitais de campanha, bloqueando, no entanto, o transporte de armamento da Estónia para a Alemanha Oriental.
Reznikov disse, igualmente, que as autoridades continuam a considerar como baixa a probabilidade de uma escalada militar iminente na fronteira.
Já Emmanuel Macron, presidente francês, reúne-se esta segunda-feira com Vladimir Putin, viajando, no seguinte dia, para Kiev e, de seguida, para Berlim, no âmbito dos contactos relacionados com a crise ucraniana.
Macron, em entrevista ao “Journal du Dimanche”, considerou que “O objetivo geopolítico da Rússia hoje em dia não é claramente a Ucrânia, mas sim clarificar as regras de coabitação com a NATO e a UE”.
“A segurança e soberania da Ucrânia ou de qualquer outro Estado europeu não pode ser objeto de compromisso, sendo também legítimo que a Rússia coloque a questão da sua própria segurança”, sublinhou.
Recorde-se que Kiev, bem como os seus aliados ocidentais, acusam a Rússia de ter concentrado dezenas de milhares de tropas na fronteira ucraniana para invadir novamente o país, após a anexação da península da Crimeia em 2014.
Moscovo nega, no entanto, qualquer intenção bélica, condicionando, todavia, o desanuviamento da crise a exigências que diz serem necessárias para garantir a sua segurança.
Desta lista de exigências fazem parte uma garantia de que a Ucrânia não será membro da NATO e de que a Aliança retirará as suas tropas na Europa de Leste para posições anteriores a 1997.
Washington rejeitou as exigências, deixando, no entanto, espaço para conversações sobre outras questões de segurança, como o destacamento de mísseis ou a limitação recíproca de exercícios militares.
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Escrito por João Serra
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