Um valor histórico de pobreza na Venezuela foi atingido (94,5%), agravando a problemática da desigualdade no país, de acordo com uma investigação divulgada na quarta-feira, dia 29, pela Universidade Católica Andrés Bello (UCAB).
Segundo a professora Anitza Freitas, durante uma conferência na capital, Caracas, a Venezuela é “um país mais pobre e mais pequeno, com severos problemas de desigualdade: 94,5% da população da Venezuela está em situação de pobreza e 76,6% de pobreza extrema”.
Os dados do relatório Sondagem Nacional sobre Condições de Vida (Encovi), feito pelo Instituto de Investigações Económicas e Sociais da UCAB, revelam que apenas cerca de 5% da população tem meios para manter o nível de rendimentos num país altamente inflacionado e em recessão.
Luis Pedro España, sociólogo, afirma que, para sair da pobreza, a população venezuelana depende das oportunidades e acesso às mesmas, todavia “há muita gente formada que não tem onde trabalhar” num país “onde não há investimentos”.
Ainda segundo o relatório, “os indicadores que mais pesam” são a insuficiência de bens, de rendimentos, deficiência de eletricidade e água, ausência de seguro, desemprego e a educação de adultos.
Para a pobreza na Venezuela contribuem também fatores relativos às propriedades dos emigrantes e a custódia desses mesmos bens, bem como os problemas relacionados com os esgotos e serviços de água potável, entre outros.
O relatório menciona que “A insuficiência de rendimentos, apesar de ser o principal componente da pobreza multidimensional perde peso (de 51% para 45%) em 2021 com relação a 2020, basicamente pelo deterioramento dos indicadores das outras dimensões”, precisando, ainda, que 66% da população fora do plano de pobreza tem um trabalho ativo, especialmente nas áreas financeira, comercial na indústria da manufaturação.
Em contrapartida, setores como a atividade agrícola e a manutenção e limpeza de serviços alimentares são “onde há uma proporção maior de pobreza”, com as mulheres a ganharem menos que os homens.
O relatório explica que se todos os rendimentos familiares fossem distribuídos “equitativamente entre elas, o rendimento médio per capita seria de 30 dólares por venezuelano por mês, ou seja, 1 dólar por pessoa por dia (ppd) (…) não seríamos apenas todos pobres, segundo a linha de pobreza internacional de 1,9 dólares ppd, teríamos de duplicar o rendimento nacional e distribuí-lo de forma equitativa, de novo, para continuarmos a ser pobres, mas não extremamente pobres”.
A sondagem demonstra, também, que os rendimentos dos homens venezuelanos são 17,7% superiores aos das mulheres e que a média de trabalho semanal é de 38 para os venezuelanos e 33 para as venezuelanas.
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Escrito por João Serra
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