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Rotas do Contrabando: tudo o que precisa de saber

Rotas do Contrabando

O nosso país tem uma história bastante intrigante. Muitos trilhos foram criados em Portugal ao longo de quase 9 séculos para explorar ao máximo a riqueza do território nacional. As rotas do contrabando são uma referência e representam uma viagem ao passado que muitos esqueceram. 

Estas rotas foram fundamentais na Península Ibérica, num contexto em que Portugal e Espanha viviam tempos difíceis. A ditadura salazarista não facilitava a vida aos portugueses, enquanto os espanhóis lidavam com os efeitos negativos do franquismo. 

Neste cenário delicado, muitas pessoas faziam o que podiam para assegurar o sustento da sua família, arriscando a sua vida. As rotas do contrabando dispersam-se em território nacional. 

Podemos encontrar estas rotas ao longo de toda a linha fronteiriça. Elas foram criadas de norte a sul do país. Os caminhos do contrabando perpetuaram-se no tempo e desempenharam um papel importante. 

Conheça as Rotas do Contrabando

As pessoas viajavam com a sua mercadoria passando por caminhos perigosos. Nestes trilhos, tudo se contrabandeava. Nestes percursos, tudo era alvo de negócios obscuros. Entre os produtos mais valiosos estavam o tabaco, o café e os perfumes. O gado também era muito cobiçado. 

Noutro patamar, estavam produtos alimentares, nomeadamente ovos, azeite, pão. Nas rotas de contrabando, também havia espaço para a compra e venda de vestuário e calçado. 

As Rotas do Contrabando integraram a memória coletiva nacional no passado e hoje garantem uma viagem repleta de mistérios. Percorrer estes trilhos é um prazer não só para aventureiros, como para amantes da Natureza e para curiosos que se interessam pela história de Portugal. 

rotas do contrabando

1. Trilho de Melgaço, Monção e Valença

As rotas do contrabando situadas no ponto mais a norte de Portugal foram criadas ao longo da fronteira entre o Alto Minho (especialmente, Melgaço, Monção e Valença) e a Galiza. Cidades fronteiriças como Tui eram locais privilegiados. 

Nas três localidades acima mencionadas, são organizadas diversas caminhadas. Neste espaço geográfico, podemos encontrar diferentes locais que aludem a este passado. Por exemplo, em Melgaço, o Espaço Memória e Fronteira é uma referência.

Os contrabandistas conheciam os meandros escondidos nestes trilhos. Por aqui, vendiam diversos produtos. Sabonetes, café, perfumes passavam entre mãos, atravessando fronteiras. Havia utilidade em ambos os lados. Frequentemente, na carga dos contrabandistas, havia volfrâmio e ouro. 

2. Trilho de Tourém, Montalegre

Os contrabandistas dispersaram-se ao longo da albufeira de Sallas, entre as aldeias de Tourém e Randín. O percurso desta rota do contrabando estende-se por 11 quilómetros e proporciona diversos momentos memoráveis. 

A rota é classificada com nível médio em termos de dificuldade. Embora se trate de uma rota que implica alguma preparação física, não faltam razões para ter a motivação em alta. A beleza deslumbrante dos cenários tende a surgir espelhada na albufeira. 

O trajeto segue a direção do rio Sallas, permitindo-nos passar por estradas e campos de cultivo, contemplando paisagens arrebatadoras. A capela de S. Lourenço e o Ecomuseu de Barroso são atrações imperdíveis desta rota.

3. Salvaterra do Extremo

Já no centro do país, na zona da Beira Baixa, o contrabando fazia-se entre Salvaterra do extremo, Idanha-a-Nova e Zarza La Mayor. Salvaterra do Extremo encontra-se no coração do Geopark Naturtejo. Portanto, num espaço geográfico privilegiado. 

O contrabando atingiu um pico em plena Guerra Civil Espanhola. Foi nesse contexto que muitos produtos rumavam a Espanha. Os contrabandistas andavam com gado suíno, gado cavalar, tripa de porco, mas também com outros produtos alimentares, nomeadamente farinha, pão, azeite e café. Os tecidos eram outros itens bastante populares.

Além da fauna e flora singulares, há paisagens que deslumbram. Os amantes de Natureza ficarão rendidos a este percurso. Os dois pontos de carga e descarga de mercadoria são fundamentais neste trilho. No percurso que se estende ao longo de 10 quilómetros e permite atravessar o Rio Erges, podemos encontrar um conjunto de atrações. 

4. Mértola e Alcoutim

O contrabando também se realizava entre o Baixo Alentejo, Algarve e Andaluzia. 

No passado, as pessoas visavam cruzar a fronteira e faziam-no com estratégia. Para escapar aos locais vigiados pela guarda fiscal e pelos famosos carabineiros (do lado espanhol), homens e mulheres faziam a travessia durante a noite, passando por trilhos escuros.

Podemos encontrar diversos percursos pedestres que na região de Alcoutim permitem a passagem por 14 postos da guarda fiscal. Atualmente, muitos deles encontram-se em ruínas, mas ainda são importantes testemunhas do passado. 

Na vila de Alcoutim, podemos encontrar o começo do primeiro percurso que termina em Várzeas da Lourinhã. Este percurso estende-se ao longo de 5,5 quilómetros e tem uma duração de 2h30. 

Outro percurso que pode ser feito por aqui fica entre Alcoutim e Guerreiros do Rio.

Ele estende-se ao longo de 6 quilómetros e faz-se ao largo do Rio Guadiana. É no Miradouro do Pontal que o percurso começa, num espaço onde também se conclui o trajeto.

As pessoas que têm interesse nesta temática podem aprofundar os seus conhecimentos no Museu do Contrabando, situado em Santana de Cambas. 

Na zona de Mértola, podemos encontrar alguns pontos de interesse para quem pretende conhecer mais sobre o contrabando realizado num passado recente. As Minas de S. Domingos são outro ponto de interesse pois, por aqui, alguns contrabandistas partiam na exploração da zona, levando os produtos a quem os pretendia.

Como se teve a oportunidade de testemunhar ao longo do artigo, compreender a relevância das Rotas do Contrabando permite-nos conhecer estórias de amor, de saudade, de encontros e de desencontros, de perigos e de sacrifícios. Cabe-nos a nós, portugueses, fazer jus ao nosso passado e não esquecer o legado deixado. Tal consegue-se com a celebração destes trilhos que nos ajudam a conhecer um pouco melhor o nosso país. 

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