Excomungado na sua China natal e desejado por meio mundo ocidental, o artista e activista chinês Ai Weiwei está, pela primeira vez, a caminho de Portugal com a inédita exposição “Rapture” que se irá realizar na Cordoaria Nacional em Lisboa a partir do dia 4 de junho.
Eleito pelo The Art Newspaper como o artista mais popular do mundo em 2020, Ai Weiwei adquiriu fama global ao encapsular as suas convicções éticas e politicas nos seus trabalhos artísticos que, por norma, vertem fortes críticas ao aparelho de estado chinês.
Apesar de ter estado ligado à construção do icónico Estádio Olímpico de Pequim (Birds Nest stadium), a relação entre Weiwei e o governo chinês sempre foi marcada pela tensão e por tentativas de silenciamento do primeiro pelo segundo.
Depois de ser preso várias vezes e ter visto o seu trabalho censurado em inúmeras ocasiões, o artista foi finalmente autorizado a sair da China em 2015 e vive actualmente em Cambridge no Reino Unido.
De volta à exposição, que contará curadoria do brasileiro Marcello Dantas, a mostra apresentará alguns dos trabalhos mais icónicos do artista, assim como obras originais produzidas em Portugal que exploram técnicas tradicionais revisitadas.
Rapture: liberdade entre o céu e a terra
Rapture tem, assumidamente, várias leituras:
1. O momento transcendente que conecta a dimensão terrena e a dimensão espiritual,
2. O sequestro dos direitos e liberdades de cada um.
3. A ligação entre o entusiasmo sensorial com o êxtase.
Estes três momentos dão corpo à dicotomia Realidade vs Fantasia que servem de pano de fundo criativo a Weiwei na concepção da inédita exposição que traz a Lisboa.
Síntese destes dois mundos, Rupture carrega em si, por um lado, um Ai Weiwei articulador das raízes culturais mais profundas da humanidade, em especial das tradições e iconografia chinesas, perdidas ou esquecidas desde a Revolução Cultural de Mao Tsé-Tung (1966 – 1976) e, por outro, um artista cuja faceta activista e defensora dos direitos civis e da liberdade de expressão nos oferece uma visão atenta a questões filosóficas essenciais transversais a todos os povos, tais como de onde viemos e o que estamos a aqui a fazer.
Entre as obras emblemáticas do artista chinês que estarão patentes na Cordoaria Nacional em junho, encontram-se:
– Snake Ceiling (2009), uma grande instalação em forma de serpente constituída por centenas de mochilas de crianças, em memória aos estudantes mortos no terremoto de Sichuan, em 2008;
– Circle of Animals (2010), na qual o artista revisita uma série de esculturas composta por doze cabeças de animais do zodíaco chinês que adornavam uma fonte no jardim Yuanming Yuan, nos arredores de Pequim, durante a dinastia Qing;
– Law of the Journey (Prototype C) (2016), que consiste num barco insuflável de 16 metros de comprimento com figuras humanas e faz alusão a um dos temas mais recorrentes na obra do artista: a crise global de refugiados.
Esta exposição far-se-á ainda acompanhar de um ciclo de documentários sobre a vida e trabalho de Ai Weiwei.
O preço dos bilhetes para Ai Weiwei na Cordoaria Nacional variam entre os 6 e os 13 euros.
Até lá seguimos em isolamento, com saúde e boa comida em família!