O mundo do trabalho tende a ser extremamente competitivo. Apesar dessa realidade, as empresas que contratam pessoas devem fazer um esforço por compreender as suas diferenças. A diversidade não consiste somente numa questão de raça ou género. A neurodiversidade também deve ser tida em consideração na sociedade, nomeadamente no trabalho. É fundamental ter nas empresas estratégias para incorporar colaboradores neurodiversos.
Não consiste apenas numa necessidade para melhorar a imagem da empresa. Consiste numa obrigação moral. Conheça algumas das dicas que ajudam a integrar colaboradores neurodiversos no local de trabalho.
O que é neurodiversidade?
A neurodiversidade é um conceito desconhecido por muitos portugueses, mas que deve ser tido em consideração. Este conceito reconhece e celebra a diversidade de funcionamento cerebral entre pessoas.
Tradicionalmente, a neurodiversidade encontra-se associada a algumas condições, nomeadamente autismo, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e síndrome de Tourette. Ora, estas são condições que podem representar desafios no mundo do trabalho.
O surgimento do conceito da neurodiversidade visa destacar que as variações no funcionamento cerebral revelam-se uma parte natural da diversidade humana. As condições que diferentes indivíduos apresentam não devem ser vistas como desvios. São diferenças que representam uma expressão singular e valiosa da cognição.
Por que se deve incluir a neurodiversidade?
Existem inúmeros motivos para haver nas empresas (e na sociedade) uma valorização da neurodiversidade. Existem estudos que defendem que as empresas com equipas de trabalho que contam com colaboradores neurodivergentes colocados em cargos específicos conseguem aumentar a sua produtividade em até 30%!
As habilidades que os indivíduos neurodiversos apresentam devem ser devidamente respeitadas e reconhecidas como perspetivas únicas. As empresas que têm boas práticas de integrar colaboradores neurodiversos promovem a inclusão e a equidade.
Quando estas empresas aproveitam o que estes colaboradores trazem para o mundo, rompem com estigmas associados a condições neurológicas. Além disso, estes empregadores conseguem promover no local de trabalho um ambiente verdadeiramente acolhedor e mais justo.
Estes colaboradores neurodiversos, por vezes designados como neurodivergentes, tendem a apresentar perspetivas únicas do mundo. Estes colaboradores apresentam capacidades distintas na resolução de problemas, devido à criatividade singular e à atenção aos detalhes que lhes é característica, contribuindo com abordagens inovadoras.
Os colaboradores neurodiversos apresentam diversidade de pensamento. As formas de processar informações distintas que eles apresentam permite-lhes impulsionar ideias inovadoras e contribuir com a sua singularidade para a resolução de problemas.
As empresas que apresentam boas práticas para integrarem colaboradores neurodiversos beneficiam de diferentes formas com estes indivíduos que primam pela resiliência e empatia.
Empresas que tenham equipas neurodiversas nos seus quadros conseguem promover uma cultura organizacional mais empática e colaborativa no local de trabalho.
Dicas para promover a inclusão
Reconhecendo a importância de acolher a diversidade cognitiva, apresentamos algumas dicas valiosas para fomentar a inclusão de colaboradores neurodiversos no seu local de trabalho.

Não criar barreiras na seleção
As práticas tradicionais de recrutamento podem revelar-se nefastas para este tipo de colaboradores. As empresas devem procuram estabelecer boas práticas para integrar colaboradores neurodiversos de modo a apresentar um ambiente inclusivo desde o início, na escolha.
Para se promover uma inclusão efetiva, é essencial haver transparência e a flexibilidade logo nas etapas de seleção, evitando a valorização de critérios que possam inadvertidamente impedir a inclusão de candidatos neurodiversos.
Sensibilizar e educar
Será importante investir em programas de sensibilização e educação. Esta estratégia permite promover um ambiente de trabalho inclusivo. A realização de treinos que abordem as diferentes formas de neurodiversidade é importante.
Capacitar líderes e equipas de RH para a neurodiversidade permite quebrar estigmas e desmistificar mitos e estereótipos. Essa ação promove a compreensão e aceitação por parte de toda a equipa.
Todos devem estar plenamente contextualizados sobre o tema do colaborador neurodiverso, devendo compreender a experiência desse colega e do seu papel no ambiente de trabalho, pois nenhum dos membros da equipa deve ter preconceitos.
Adaptar o ambiente (físico e virtual)
Para se promover uma verdadeira inclusão de colaboradores neurodiversos devem ser realizados ajustes no ambiente de trabalho, seja físico, seja virtual.
A empresa deve demonstrar bom senso ao proporcionar um ambiente adaptado às necessidades do colaborador neurodiverso. Para se permitir que cada colaborador realize as suas tarefas em condições que favoreçam o seu melhor desempenho, devem ser criados espaços mais tranquilos e disponibilizadas ferramentas de comunicação acessíveis. Além disso, deve existir flexibilização de horários.
Por exemplo, para tornar o processo de seleção mais inclusivo, deve promover-se uma maior flexibilidade na seleção, o que consiste em permitir respostas por escrito ou conceder ao potencial colaborador mais tempo nas entrevistas.
Comunicar de modo direto e claro
A inclusão efetiva só é garantida quando existe uma comunicação clara. É importante dar ao colaborador instruções diretas e claras para não cair no erro de promover uma comunicação ambígua.
Ter a capacidade de escutar verdadeiramente faz parte do processo. Fazer perguntas ao colaborador permite que haja uma melhor compreensão das suas necessidades.
Para os colaboradores conseguirem compreender e contribuir eficazmente com as suas tarefas, deve ainda existir um ambiente acolhedor, com abertura para perguntas e esclarecimentos, independentemente da sua neurodiversidade.
Criar programas de mentoria e apoio
O estabelecimento de programas de mentoria revela-se uma estratégia eficaz para integrar colaboradores neurodiversos. Esta estratégia permite orientar de forma personalizada e promover um espaço fundamental para o seu desenvolvimento profissional.
Promover a flexibilidade no desenvolvimento
É essencial promover no local de trabalho espaço para uma aprendizagem contínua e adaptar as práticas de desenvolvimento profissional às suas necessidades individuais. Por exemplo, deve-se disponibilizar recursos personalizados, existir uma abordagem flexível nas avaliações de desempenho, haver modalidades de aprendizagem distintas, entre outras.
Estas estratégias devem ser tidas em consideração por empresas que pretendam criar um ambiente de trabalho mais rico e eficaz. Com estas medidas, as empresas demonstram um verdadeiro compromisso com a inclusão. Elas integram colaboradores neurodiversos e assim conseguem fortalecer os seus quadros, pois enriquecem as suas equipas de trabalho com diversidade de pensamento e habilidades singulares.
