As razões para que a sua candidatura de emprego seja preterida em prol de outras são imensas, mas de há uns anos para cá, acentuou-se a tendência de se excluir um candidato por excesso de qualificações.
Apesar de aparentemente incongruente, a eliminação de um candidato a emprego de um processo de recrutamento devido a excesso de qualificações é, hoje em dia, uma infeliz realidade e tende a prejudicar as pessoas que são detentoras de um diploma do ensino superior (licenciaturas, mestrados e até doutoramentos), impedindo-as de acederem a trabalhos cujos requisitos estão muito abaixo da experiência ou grau académico.
Ainda que possa parecer algo vantajoso para as empresas, a verdade é o excesso de qualificações possa assumir o efeito inverso, ainda que esta seja uma tendência que não beneficia a competitividade das empresas, nem dos países.
Como tal, muitos candidatos a emprego que se encontram nestas circunstâncias optam por omitirem uma parte das suas qualificações do CV (currículo), mas será esta a melhor opção? É o que veremos já de seguida.
O “problema” do excesso de qualificações
A principal razão para que os candidatos com qualificações a mais para a vaga a que se candidatam sejam preteridos no processo de seleção é a facilidade com que estes podem sair da empresa assim que consigam um cargo mais compatível com a sua experiência e competências.
Outra das razões prende-se com o empenho. De acordo com um estudo conduzido por professores universitários em Carnegie Mellon, Stanford e Johns Hopkins, “os gestores vêm os candidatos altamente capazes como tendo um empenho mais baixo na empresa do que os menos capazes, mas adequados, e, como resultado, penalizam os candidatos com altas capacidades no processo de contratação”.
A terceira razão diz respeito à correlação direta entre experiência e compensação. Ainda que possa estar disposto a receber menos, um candidato com excesso de qualificações fica na mira da empresa por esta se preocupar que a atitude se modifique ao longo do tempo pela falta de reconhecimento, de possibilidade de evolução na carreira ou motivação.
A todas estas razões, há ainda a somar a forma como os recrutadores podem olhar para a candidatura de alguém com qualificações excessivas para um cargo, uma vez que na visão dos profissionais de Recursos Humanos, isso pode ser entendido como falta de ambição.
Por tudo isto, a questão coloca-se: devo omitir qualificações excessivas do CV?
Devo omitir qualificações excessivas do CV?
A pergunta não é de resposta simples e deve ser bem ponderada pelo candidato, uma vez que caso a entidade empregadora descubra que omitiu informação importante do seu CV pode exclui-lo do recrutamento ou, a longo prazo, ao despedimento.
Assim, para além de pesar devidamente os prós e contras de omitir ou não qualificações do seu CV , procure construir um currículo equilibrado que responda unicamente às necessidades da empresa para o trabalho em questão, isto é, que elenque apenas a experiência relevante para a função .
Tenha em mente que o objetivo do currículo é conseguir oportunidade para uma entrevista e que nessa entrevista poderá explicar melhor o seu percurso e demonstrar ao recrutador que toda a sua experiência, mesmo noutras áreas, poderá ser relevante.
Assim, quando estiver numa entrevista, faça por mostrar ao recrutador que se sente motivado para a função a que se candidata e que o emprego não é temporário e que está ali para ficar. Faça por desconstruir noções preconcebidas, mostre que gosta de trabalhar em equipa e procure ser transparente quando o entrevistador lhe perguntar sobre o seu trabalho anterior.