Depois de alguns anos em que as lojas de compra e venda de ouro se terem multiplicado como cogumelos pelas nossas cidades e vilas, este negócio parece ter acalmado e dizemos este porque desde que se iniciou a guerra na Ucrânia, a cotação deste metal precioso tem batido recordes atrás de recordes levando muita gente a pensar investir.
Muito recentemente, a onça de ouro atingiu os 2860 euros, valor que entusiasma investidores e os faz sonhar com ganhos futuros, mas será que comprar ouro é seguro? E como começar a investir?
É o que vamos tentar perceber ao longo das próximas linhas.
Como investir em ouro físico?
O mercado é como um casino, dificilmente conseguiremos fazer previsões acertadas a longo prazo, mas se há algo em que podemos investir com um grau de risco baixo, esse algo é o ouro.
Assim, se gostaria de começar a investir em ouro, poderá começar pelo ouro físico.
Uma onça de ouro pesa 31,10 gramas no sistema troy, o mais utilizado em distribuidores e bancos nacionais, ou 28,35 no sistema avoirdupois, o mais utilizado para pesar objetos em geral.
Não se confunda, no entanto, onças com barras de ouro, uma vez que estas últimas têm um peso de 12,4 kg, o que equivale a 400 onças de ouro.
Feita esta explicação prévia, é altura de o ajudar a comprar ouro físico.
Caso pretenda investir em ouro físico, poderá fazê-lo no balcão ou área de cliente de alguns bancos ou em distribuidores especializados. Apesar de ser o fiel depositário da maior parte do ouro existente no nosso país, o Banco de Portugal não comercializa este metal.
Além destes locais, o ouro também acaba por ser vendido em moedas e até em pequenos pacotes que pode encontrar, por exemplo, nos CTT.
Pode, ainda, investir em divisas de ouro mediante consulta da INCM (Imprensa Nacional-Casa da Moeda).
Note que, no caso das moedas de ouro, a antiguidade é o fator que mais influencia o seu preço, ou seja, quanto mais antiga e rara, mais cara será.
Caso se decida a comprar ouro físico, recomendamos que este esteja certificado de modo a que, quando o quiser vender, o consiga fazer a um preço mais alto. Uma das certificações mais procuradas é da London Bullion Market Association.
Como comprar ouro em ourivesarias?
Comprar joias não serve apenas para presentear alguém. Caso as joias sejam em ouro, este pode ser um investimento seguro.
Contudo, atenção, deve sempre ter em conta que percentagem da peça de joalharia corresponde a ouro. Tal mede-se em quilates da seguinte forma:
- Joia composta por “ouro puro” (99,9%): 24 quilates;
- Joia composta por 75% de ouro: 18 quilates.
Ainda neste ponto, note-se que, em Portugal, o padrão para peças com maior percentagem de ouro (80%) equivale a 19,2 quilates.
Com isto em mente, se quiser adquirir ouro numa ourivesaria de sempre procurar lojas e fabricantes com boa reputação, com certificação da INCM, comparar preços por grama em diversas ourivesarias, ter em atenção a cotação do ouro nos mercados internacionais e confirmar o teor de ouro em quilates e garantir o selo da Casa da Moeda na peça.
Barras ou jóias?
Ainda que, regra geral, as peças trabalhadas tenham um valor de mercado mais elevado do que a matéria-prima e possam sair mais valorizadas a longo-prazo, é importante perceber as onças, barras e moedas de ouro não têm IVA graças ao acordo com o regime especial aplicável ao ouro para investimento da União Europeia.
Para além disto, não são aplicadas taxas de design e oficina às barras, onças e moedas, o que faz baixar o preço a pagar.
Como investir em ouro através de PPR e fundos?
Tal como acontece com outros produtos, poderá investir de forma indireta em ouro através de instrumentos financeiros como os PPR e os fundos de investimento.
Por exemplo, dentro do cabaz de ativos dos Planos Poupança Reforma (PPR), sobretudo dos fundos PPR, é normal encontrar a possibilidade de investir em ouro ou em instrumentos financeiros que acompanham o desempenho do ouro.
No caso dos PPR, recomendamos que, antes de investir, consulte a ficha informativa de cada PPR e perceber se existe ouro no cabaz de ativos e qual o peso dado à matéria-prima.
Como referimos, aos PPR junta-se uma outra forma indireta de investir em ouro que, na prática, consiste em subscrever unidades de participação de fundos de investimento que trabalham com ouro e ações que operam na área dos metais preciosos.
Se se decidir por este tipo de investimento, deve, antes de mais, levar em consideração as comissões cobradas, os impostos associados e, no caso dos PPR, tenha em mente que não poderá mexer no dinheiro investido durante algum tempo sob pena de ter de pagar comissões por resgate antecipado.
Atenção às ações do ouro!
Investir em ações ligadas ao ouro ou as empresas que trabalham nesta área pode valer-lhe ganhos imensos, mas não se esqueça que, como o mercado se trata de um casino mal regulado, também pode sofrer perdas significativas quando as ações caem.
Uma vez que este tipo de empresas da área da mineração são obrigadas a apresentarem contas anuais e estão dependentes do contexto económico global, é normal os preços dos títulos valorizarem ou depreciarem mais do que a cotação do ouro.
Os EFT
Dentro do mercado bolsista poderá, ainda, considerar os EFT (fundos negociados em bolsa) que replicam o desempenho de um índice ou de um cabaz de ativos, entre os quais se encontra o ouro ou as ações ligadas ao ouro.
Na prática, a grande vantagem deste tipo de investimento é o preço mais baixo por unidade de participação do que aquele que é negociado por uma onça, barra ou moeda de ouro.
Apesar desta vantagem, é importante perceber se está a investir em ouro físico ou no mercado de futuros sobre ouro.
Os futuros são instrumentos financeiros derivados que consistem em contratos em que ambas as partes se comprometem a entregar o ativo subjacente, neste caso o ouro, num determinado período, a um preço pré-determinado com prazos de validade de três a seis meses.
O grande problema é que estes futuros estão particularmente abertos à especulação.