Quantcast
AutomóveisEventos

Quando Portugal enganou um Papa com um Rolls-Royce…

rolls-royce

Ao longo do tempo, muitos foram os Papas que criaram uma ligação ao nosso país, a Fátima, aos portugueses. Alguns deles fizeram-se deslocar ao nosso país, outros receberam portugueses. Por isso, não faltam episódios históricos relevantes que ligam o nosso país a estas figuras tão respeitadas em todo mundo. Existem alguns acontecimentos verdadeiramente encantadores na nossa história. Por exemplo, muitos portugueses desconhecem que um governo de Portugal ousou enganar o máximo pontífice com um presente inesperado, um Rolls-Royce. Quer saber como tudo aconteceu, não quer?

O carro

O Rolls-Royce Phantom III é de 1937. Este carro produzido de 1936 a 1939 revela-se um verdadeiro monumento. O carro foi desenvolvido ainda antes da morte de Sir Henry Royce, em 1933. Este modelo, Rolls-Royce Phantom III, revelou-se o verdadeiro sucessor de uma linhagem de aclamados modelos Ghost e Phantom.

Só foram produzidas 710 unidades deste automóvel. O novo modelo da marca foi revelado ao mundo em 1935. O veículo somente retinha um chassis separado das carroçarias, fornecidas pelos fabricantes de luxo que normalmente trabalhavam para a marca e a imponente grelha dos seus antepassados.

Este carro foi o último Rolls-Royce de luxo a ser fabricado antes da Segunda Guerra Mundial (que decorreu entre 1/09/1939 – 2/09/1945), tendo também sido o único motor V-12 da marca até então. Este motor sofisticado apresentava um conjunto de elementos que representava uma evolução significativa face ao passado.

Características do carro

  • Marca: Rolls-Royce / Ano: 1937 / País: Inglaterra
  • Velocidades: 4 / Velocidade Max: 147 km/h / Potência: 160 cv / Peso: 2660 kg
  • Cilindros: 12 / Cilindrada: 7340 cc / Nº de Chassis: 3CP116 / Nº do Motor: C68A

Reconhecimento

Atualmente, este carro faz parte da famosa coleção do Museu do Caramulo. Este automóvel está envolvido em diversos momentos históricos interessantes. Antes de figurar na coleção deste museu, o Rolls-Royce Phantom esteve ao serviço da Presidência da República. 

Portanto, enquanto esteve nestas funções oficiais, este carro transportou no seu interior algumas das maiores figuras de estado que visitavam o nosso país.

O Presidente quis um carro especial

Tudo aconteceu há meio século, num contexto bastante diferente do que atualmente se vive. 

O General Craveiro Lopes era então o Presidente da República quando decide adquirir um Rolls-Royce descapotável, visando receber da melhor forma a visita da Rainha Isabel II a Portugal, algo que acontece em fevereiro de 1957 (uma presença que repetiria décadas mais tarde, em 1985).

O momento da compra

Harry Rugeroni é o homem com a missão de comprar esse item tão desejado. Por isso, é enviado a Inglaterra. O objetivo seria comprar um Rolls-Royce novo. Contudo, não se conseguiu garantir o desejado modelo. 

A solução acabou por passar pela compra de um Rolls-Royce antigo que pertencia ao Príncipe de Berar, pessoa que tinha regressado a Londres, em 1950, tendo sido expurgado de todas as fantasias do nobre indiano.

Este carro tinha sido comprado pelo príncipe em 1937, que tinha encomendado à Windovers uma carrosserie especial, tipo Cabriolet, que foi devidamente adaptada. A carrosserie era deslumbrante, pintada de branco, e apresentava um aspeto invulgar e exótico.

As adaptações foram realizadas e a carrosserie estava recheada de acessórios para a caça, nomeadamente faróis, porta-armas, estribos, entre outros pormenores que acabaram por transformar o veículo num carro especial.

A mudança para Portugal 

No dia 28 de março de 1957, o carro recebeu a matrícula DD-30-92. Desde esse momento que o Rolls-Royce passou a estar ao serviço da Presidência da República. 

Ao longo do tempo, o encantador Rolls-Royce Phantom III transportou figuras históricas que foram determinantes nos seus países e tiverem impacto no mundo, nomeadamente o Presidente Eisenhower e os Papas Paulo VI e João Paulo II.

O contexto do engano

Estava previsto o carro ser usado aquando da visita do Papa Paulo VI ao nosso país. Contudo, o máximo pontífice expressou o seu desejo de não ser transportado num carro de luxo. 

O Papa defendia que o Rolls-Royce consistia num automóvel demasiado ostensivo. Ora, sendo ele um líder da Igreja Católica, não se revela adequado apresentar-se dessa forma. 

O desenlace inusitado

Embora não existisse intenção do Estado Português desrespeitar a Sua Santidade, o Rolls-Royce Phantom III era o carro que tinham para realizar este tipo de serviço. A solução passou por descaracterizar o automóvel. O símbolo icónico do carro foi substituído pela bandeira do Vaticano. 

Além disso, a grelha do Rolls-Royce foi pintada de preto, até o logótipo que se apresenta na sua frente. Estes foram alguns dos procedimentos que permitiram a realização da visita do Papa num veículo de luxo.  

Embora ele tivesse passeado num Rolls-Royce durante todo o tempo, não deu por nada. Naturalmente, o máximo pontífice não era um especialista em automóveis. As intervenções operadas no carro por decisão do Estado Português permitiram fazer a vontade ao Papa, pois não parecia um carro tão vistoso. 

Foram mudanças suficientes para garantir que a visita do Papa corresse sobre rodas… No entanto, provavelmente, alguns dos elementos que fizeram parte desse governo de Portugal não terão conseguido garantir um lugar no Paraíso…

Related posts
AutomóveisDicas

Erros comuns que os maus condutores fazem frequentemente!

AutomóveisDicas

Truque para estacionar à primeira: estacionamento sem falhas

AutomóveisCódigo da Estrada

Saiba como se faz o transporte de bicicletas nos carros

AutomóveisDicas

Os carros mais feios do mundo: será uma questão de (bom) gosto?