Caso o seu banco lhe tenha proposto uma conta ordenado, mas tem dúvidas se esta será uma boa opção para si, este artigo é para si! Vamos dar-lhe a conhecer não só os riscos e os benefícios que estão associados, mas também como fazer uma utilização responsável da mesma.
O que é uma conta ordenado?
Na prática, uma conta ordenado trata-se de uma conta de depósito à ordem para a qual a sua entidade patronal faz a transferência do seu ordenado traduzindo-se, assim, numa conta que faz a domiciliação do seu vencimento.
A esta conta vem associado o chamado “descoberto autorizado” que mais não é do que a possibilidade de utilizar um “plafond extra“, que pode atingir 100% do valor total do seu ordenado, ou seja, irá ser-lhe facultado uma espécie de “ordenado adiantado” que pode ser extremamente útil no equilíbrio das suas finanças pessoais.
Por norma, a conta ordenado tem associada uma linha de crédito que funciona como um suporte ou garantia de liquidez para despesas inesperadas. Quando no final do mês é depositado o seu ordenado, este crédito que lhe foi concedido é devolvido automaticamente ao banco, acrescentando as respectivas comissões e juros.
Vantagens e riscos associados a uma conta ordenado
Para além do descoberto autorizado, a conta ordenado apresenta duas grandes vantagens:
- Isenção de algumas comissões (podem variar de banco para banco), como por exemplo a comissão de manutenção de conta ou comissão de transferência bancária;
- Bonificações em serviços como o spread do crédito habitação, o crédito pessoal ou uma taxa mais atrativa nas contas poupança.
Apesar destas vantagens, a contratação de uma conta ordenado não está isenta de riscos, uma vez que ao disponibilizar o descoberto autorizado estará a fazer uso de um crédito, a muito curto prazo, mas ainda assim um crédito. Este poderá ainda ter associadas taxas de juros que são semelhantes às dos cartões de crédito.
Para além das taxas de juro associadas, o convite ao consumo que este “plafond extra” representa poderá converter-se facilmente num fardo para as suas finanças pessoais, dado que ao utilizar um descoberto de 100% uma vez, o cliente passa a estar “na mão” da entidade bancária.
Caso tenha utilizado o plafond extra todo, só quando ocorrer uma entrada de dinheiro extra (subsídio de férias ou Natal, por exemplo) é que o saldo voltará a ser positivo. Isto pode tornar-se uma bola de neve que o leve a nunca poder fazer uso do seu ordenado na totalidade porque, se ao dia 25, por exemplo, já utilizou o valor do ordenado e o plafond extra todo, quando o seu salário entrar de novo na conta será apenas para cobrir a dívida do descoberto.
Traduzido, para fazer face às suas despesas do mês voltará a ter de utilizar o descoberto autorizado.
Ter uma conta ordenado é uma boa opção?
Ainda que apresente alguns riscos, pode ser uma boa opção se utilizada com disciplina e responsabilidade.
Isto passa, por exemplo, por não aceitar que o banco lhe atribua um descoberto bancário a 100%. Faça contas às despesas que caem na sua conta logo no início do mês (exemplo: renda da casa) e negoceie com o seu banco um valor razoável para fazer face às mesmas, no caso de algum atraso no seu salário, por exemplo.
Para tornar a conta ordenado numa opção ainda mais válida, recomenda-se que procure não usufruir, de todo, do descoberto, e fazer um “pé de meia” para fazer face a imprevistos imediatos.