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Investimento de Impacto: um papel decisivo na economia

investimento de impacto

Investimento de Impacto. Podemos estar a falar de apenas mais uma forma de propagandear o conceito “investimento” aos quatro ventos, especialmente quando se vive um momento delicado em termos económicos com mais uma crise sistémica do capitalismo, desta feita tendo a inflação como pressuposto, mas o investimento de que queremos falar é algo relativamente diferente.

O que é o Investimento de Impacto?

Ao contrário do que é mais comum, o Investimento de Impacto não procura apenas conseguir o maior retorno financeiro possível. Para além da inevitável parte financeira, este conceito traz para cima da mesa a necessidade de procurar atingir um impacto socio-ambiental mensurável.

Isto é, em termos práticos, o investimento de impacto procura não se restringir à procura do lucro pelo lucro, mas antes fazer com que o capital investido tenha um, lá está, “impacto” real positivo quantificável sobre as populações e ambiente através do financiamento de projetos de empresas, fundações, institutos e governos.

Assim, ao invés de apenas terem no horizonte o retorno financeiro, o investimento de impacto tem como objetivos coisas tão diversificadas e pertinentes como o combate à desigualdade social, o reforço das relações sociais e da participação cívica e democrática, a sustentabilidade ambiental e a protecção da Natureza, a promoção geral do desenvolvimento humano colectivo e a promoção da autonomia dos mais vulneráveis,

De forma a quantificar o retorno financeiro e socio-ambiental deste tipo de investimento, tem-se aplicado uma fórmula baseada em indicadores de alta relevância que tem em conta não o projeto em si mesmo, mas também o que teria acontecido à população-alvo do investimento se este não tivesse tido lugar.

Assim, a quantificação do retorno vai assentar em dois pilares:

– Indicadores de relevo para medir o impacto do projeto;

– Comparação com grupos de controlo similares que não foram alvos do investimento.

Para além disto, hoje em dia já é possível fazer uso de ferramentas de mercado que permitam obter um maior retorno, como é o caso das Social Impact Bond e as Development Impact Bonds.

Na prática, estes dois instrumentos permitem captar investidores para projetos de cariz social. Com base em métricas de desempenho e estabelecimento de metas, os investidores neste tipo de fundos recebem um bónus.

Assim, para além de se medir impacto, estes instrumentos acabam por funcionar como incentivo extra para que os investidores, passe o pleonasmo, invistam, e permitam impulsionar transformações positivas nas populações-alvo.

Investimento de Impacto: vale a pena?

Ao não se fixar apenas na busca do lucro capitalista, é possível que se esteja a interrogar se vale a pena investir neste tipo de fundos ou se, a longo prazo, estes são mais rentáveis do que os demais.

De acordo com um estudo do Expresso SER, depois de analisados 177 fundos de investimento mobiliários existentes no mercado financeiro português, chegou-se à conclusão que sim. Ao contrário do que acontece com os fundos mais convencionais, o investimento de impacto “quando perdem, perdem menos do que os convencionais e, quando ganham, em média, ganham mais”.

Como encontrar um fundo de investimento de impacto?

De acordo com as novas regras europeias plasmadas no Regulamento de Divulgação de Finanças Sustentáveis (Sustainable Finance Disclosure Regulation – SFDR), os fundos ligados à sustentabilidade estão classificados nos artigos 6º, 8º e 9º deste regulamento, sendo que:

– Artigo 8º: produtos financeiros que promovem características ambientais e/ou sociais;

– Artigo 9º: produtos que têm como objetivo investimentos sustentáveis;

– Artigo 6º: restantes produtos que devem pelo menos gerir o risco decorrente de fatores ESG (sigla inglesa para ambiente, sustentabilidade e boa governança).

Segundo o estudo do Expresso SER, os produtos do Artigo 8º são não só os mais sustentáveis, como também os mais rentáveis, dado que, nos últimos três anos, estes renderam, em média, 0,42% ao ano, enquanto os fundos convencionais perderam 0,26%/ano. Já nos investimentos a cinco anos, a cena repete-se com os fundos do artigo 8º a renderam, em média, 1,01%/ano, contra 0,72%/ano dos restantes fundos.

Quem está decido a procurar estes fundos, pode fazê-lo junto dos mais diversos bancos que oferecem investimentos deste tipo em Portugal e que, normalmente, aparecem descritos no prospeto por frases parecidas com esta: “O Fundo procura a promoção de características ambientais e sociais na aceção do artigo 8º do Regulamento 2019/2088 da União Europeia, relativo à divulgação de informação relacionada com a sustentabilidade no setor dos serviços financeiros”.

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