Depois das férias, dos gastos com o regresso às aulas dos mais pequenos e as despesas, sempre crescentes com combustíveis, rendas e produtos alimentares, é altura de fazer um balanço da nossa situação financeira pessoal.
Com a inflação a não baixar as armas e os salários a, teimosamente, desaparecerem antes do final do mês, este é um excelente momento para fazer o balanço do deve e haver dos primeiros 10 meses do ano de modo a perceber não só com quanto podemos contar até ao final de 2023, mas também a ginástica financeira para que em 2024 as nossas poupanças possam voltar a atingir um patamar mais sustentável.
Se não sabe por onde começar a fazer um balanço da sua situação financeira pessoal, propomo-nos, ao longo deste artigo, vestir a pele de conselheiro e ajudá-lo nessa tarefa. Venha daí!
Com fazer um balanço da nossa situação financeira pessoal?
O primeiro passo de um balanço da situação financeira pessoal deve ser o mapeamento das suas receitas e despesas.
•1º Passo: Mapeamento das despesas e receitas
Reúna faturas de todas as despesas efetuadas até à data e divida-as pelo respetivo mês onde aconteceram. Com esta informação e o auxílio do homebanking, ficará a ter uma ideia mais precisa de onde e quando gastou o seu dinheiro.
Do mesmo modo, faça contas mensais ao rendimento do seu agregado familiar. Com esta perspetiva mais detalhada de quanto gasta e recebe, poderá tomar decisões mais assertivas quanto às estratégias de poupança a seguir. A título de exemplo, na criação da sua estratégia de poupança, é importante que as despesas com a casa (empréstimo, água, luz, etc.), não ultrapassem os 35%/40% no seu orçamento total.
Após este mapeamento da situação das suas finanças pessoais, é tempo de analisar a sua capacidade de endividamento, isto é, qual a sua taxa de esforço, medida que indicará a maior ou menor facilidade no caso de pedir um crédito pessoal ou um cartão de crédito.
• 2º Passo: Cálculo da sua taxa de esforço
Se quisermos obter alguma liquidez e, nesse sentido, tentarmos contratar um crédito pessoal, é importante percebermos qual o impacto que esse empréstimo terá no nosso orçamento mensal.
Este cálculo é facilitado com a ajuda da taxa de esforço. Esta taxa é calculada da seguinte forma:
Taxa de Esforço = Encargos financeiros com as prestações de crédito / Rendimento Líquido Total do Agregado x 100
O resultado desta taxa de esforço não é, contudo, apenas importante para calcular o impacto de um crédito no seu orçamento, uma vez que, como já referimos, esta taxa é igualmente utilizada pelas instituições de crédito para perceber o risco associado à concessão de crédito podendo levar a que, em situações onde a taxa de esforço é demasiado alta, a rejeitar o pedido de empréstimo pessoal.
De acordo com as indicações do Banco de Portugal, a taxa de esforço não deverá ultrapassar os 40%.
• 3º Passo: saudável, equilibrado, endividado ou sobre-endividado: qual a sua situação financeira atual?
Caso poupe mais de 20% por mês, a sua situação financeira poderá ser considerada saudável, mas se gasta mais do que aquilo que recebe, será considerado sobre-endividado. Pelo meio, se poupar menos de 20%, a sua situação será considerada equilibrada e se gastar tudo aquilo que ganha será tido como endividado.
Apesar de, dadas as condições económicas atuais, ser difícil para a maioria das famílias poupar, é importante que estabeleça um valor de poupança por mês.
• 4º Passo: Verifique a sua situação líquida
Também importante para um bom balanço da situação financeira pessoal é a verificação da sua liquidez.
Isto passa por fazer a avaliação dos seus ativos (salário, depósitos, casa, etc.) e dos seus passivos (empréstimos, por exemplo) de modo a perceber se os seus ativos superam o passivo e como ficaria a sua situação financeira se utilizasse todos os seus ativos para eliminar os passivos.
Da subtração dos passivos aos ativos (saldo ativo menos saldo passivo), irá obter o valor da sua liquidez atual.