Muito se tem falado sobre saúde nos últimos tempos e sem dúvida que foram vários os fatores que nos trouxeram até aqui. Nos últimos dois anos, vimos as nossas vidas viradas do avesso e não só o corpo se viu afetado pelos acontecimentos, mas também a mente. Com os constantes confinamentos, as crianças em tele-escola e e os adultos em teletrabalho, houve quem se sentisse assoberbado e stressado.
Segundo a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (EU-OSHA), o problema do stress ocupacional, pela sua magnitude e transcendência, é já considerado um verdadeiro problema de saúde pública. É o segundo problema de saúde reportado com mais frequência na Europa, logo a seguir às perturbações múscu– lo-esqueléticas. Afeta cerca de 40 milhões de trabalhadores na EU e estima-se que seja responsável por cerca de 50 a 60% de todos os dias de trabalho perdidos.
Mas afinal, o que é o stress ocupacional?
O stress ocupacional pode ser desencadeado por diversos motivos e afeta negativa- mente trabalhadores e empregadores, ele é considerado como um desequilíbrio entre as exigências no trabalho e as capacidades para dar resposta no contexto laboral. O stress ocupacional não tratado pode levar ao burnout, caracterizado pelo esgota- mento físico e psíquico devido ao trabalho.
Em Portugal, segundo a EU-OSHA, 59% dos trabalhadores referem que o stress no trabalho é comum e apontam como causas principais a reorganização do trabalho, a insegurança no vínculo laboral e as horas de trabalho ou carga de trabalho, bem como a falta de apoio por parte dos colegas ou superiores.
Quais as principais causas que levam ao o stress no trabalho?
Podemos dividir os principais motivos que levam ao stress no trabalho em dois: ambientais e pessoais.
As causas ambientais envolvem fatores externos, que podem levar ao stress no tra- balho:
- excesso de trabalho;
- falta de tranquilidade no trabalho;
- insegurança no cargo/emprego;
- ritmo intenso de trabalho;
- má gestão;
- comunicação ineficaz;
- falta de apoio da parte de chefias e colegas;
- assédio psicológico ou sexual, violência de terceiros;
- insatisfação com o trabalho;
- atrasos no pagamento de salários;
- salários inadequados.
As causas pessoais envolvem uma variedade de características individuais que têm maior predisposição ao stress:
- impaciência;
- baixa autoestima;
- saúde precária;
- sedentarismo e privação de sono.
Quais as consequências do stress ocupacional?
As consequências do stress ocupacional são várias, tanto para os trabalhadores como para os empregadores
Trabalhador
- cansaço;
- fadiga;
- ansiedade;
- sentimento de culpa e preocupação;
- irritabilidade;
- perturbações do sono;
- hipertensão arterial;
- dores de cabeça;
- dificuldades de memórias e concentração;
- perturbações gástricas;
- tristeza;
- baixa produtividade;
- absentismo;
- desmotivação;
- isolamento social.
Empregador
- maior número de acidentes de trabalho;
- menor rendimento e produtividade;
- incumprimento de horários;
- aumento da taxa de rotação de pessoal;
- aumento da taxa de absentismo.
Segundo a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, é necessário sensibilizar e criar ferramentas, simples e práticas, que facilitem a gestão do stress ocupacional. É importante promover a vigilância nacional de fatores de risco psicos- sociais no trabalho e o desenvolvimento de políticas e programas para prevenir o stress e promover a saúde física e mental e o bem-estar do trabalhador.