O medo de falhar no trabalho é uma das condicionantes mais recorrentes (e, no entanto, mais impeditivas). Neste artigo, ajudamos-te a lidar com esta terrível ansiedade.
Desde os tempos de escola, ao local de trabalho, o medo de falhar está presente em diversas fases da nossa vida. Quer seja por não querermos chumbar num exame ou por não estarmos a conseguir atingir o nível necessário em determinada função, uma condicionante que pode afetar a forma como trabalhamos.
No entanto, estas ansiedades e stresses são processos emocionais naturais pelos quais todos nós passamos. Essencialmente, são respostas do nosso cérebro às exigências que nos são impostas, às avaliações que os nossos superiores fazem das nossas capacidades e às auto-avaliações que fazemos ao trabalho por nós realizado. Porém, é necessário perceber e agir quando este medo de falhar no trabalho ultrapassa o tolerável.
Alguns sintomas e comportamentos
Quando o medo de falhar no trabalho passa do ponto tolerável, geralmente surgem sintomas físicos e psicológicos que geram algum desconforto, ao nível físico e psicológico, muitas vezes associados a altos níveis de ansiedade. Dores no peito, dificuldade em respirar, pânico e aceleração dos batimentos cardíacos são apenas algumas das sensações experienciadas.
Estes sintomas “conduzem à adoção de estratégias menos saudáveis na gestão desse medo: o controlo e o evitamento”, explica Andreia Santos, responsável do Gabinete de Apoio Psicopedagógico da Área de Mobilidade e Apoio ao Aluno de Ciências ULisboa.
“Na estratégia de controlo, a pessoa tem tanto medo de falhar que utiliza formas compensatórios na tentativa de o eliminar, trabalhando muitas horas seguidas, surgem pensamentos de constante auto-crítica e exigência”, acrescenta. Na verdade, esta forma de lidar com o medo de falhar no trabalho pode desencadear comportamentos que levam a pessoa a adotar uma estratégia de evitamento.
Por sua vez, na estratégia de evitamento, “a pessoa foge do estímulo que lhe causa medo de falhar, evitando fazer as coisas. A longo prazo, esta estratégia reforça a ideia de que não se é capaz, uma vez que não vai vendo o trabalho realizado, e a falta de concretização alimenta ainda mais uma sensação de vulnerabilidade”, esclarece a especialista.
Como lidar
Não importa qual a estratégia adotada pela pessoa! O primeiro passo a dar é tentar reconhecer, identificar e compreender qual a verdadeira ameaça que estás a percecionar. “Qual é o verdadeiro perigo que eu estou a identificar e a confrontação deste com a realidade? O que é que existe na realidade neste momento concreto que me faz sentir este medo desta forma?”, são as perguntas fundamentais a realizar, indica Andreia Santos.
Se o medo gera tanta ansiedade (algo que, inevitavelmente, afetará negativamente os níveis de produtividade no local de trabalho), é então fulcral compreender que estamos a percecionar um “perigo” onde ele não existe, criando um gatilho.
Isto acontece devido ao nosso contexto de desenvolvimento e formação, no qual ocorreram diversos acontecimento e experiências que moldaram e reforçaram os nossos medos e inseguranças, fazendo com que as mesmas sejam projetadas para o presente. “Exemplos: a minha autoestima sempre foi baseada no facto de ser o melhor aluno, tenho sempre de fazer as coisas perfeitas se não os outros vão deixar de gostar de mim ou até o contrário”, conclui a especialista.
Para ultrapassarmos este receio, é necessário, acima de tudo, compreender que aprender implica falhar. Erros fazem parte do processo, sendo necessário estarmos abertos a esta possibilidade, de modo a conseguirmos evoluir como trabalhadores, mas também como pessoas!