As empresas que enfrentam orçamentos mais apertados podem estar a considerar reduzir a sua força de trabalho. Mas é claro que os despedimentos diretos são dispendiosos e arriscados. É por isso que algumas recorrem a uma estratégia mais subtil: o quiet firing. Aprende o que é esta demissão silenciosa, como identificar os seus sinais e o que fazer nesta situação.
O quiet firing, ou despedimento silencioso, ocorre quando um gestor não fornece formação, apoio e desenvolvimento de carreira adequados a um colaborador, levando-o a abandonar a organização. Quer seja feito deliberadamente para afastar um colaborador, quer seja uma consequência não intencional de uma gestão negligente, o quiet firing é uma má prática de liderança e gestão.
Na melhor das hipóteses, é uma consequência não intencional de uma liderança ausente. Já que, mesmo os gestores bem-intencionados podem não se mostrar disponíveis para os seus empregados.
Mas o quiet firing em determinadas circunstâncias, pode ser intencional. De fato, o quiet firing pode ser a criação deliberada de um ambiente de trabalho hostil que encoraje as pessoas a sair voluntariamente.
Sinais de alerta de quiet firing
Responsabilidades profissionais:
- Reatribuição de responsabilidades profissionais importantes a outros trabalhadores;
- Estabelecer objetivos de desempenho pouco razoáveis;
- Atribuir a um trabalhador responsabilidades desalinhadas com o seu papel;
- Despromoção de um trabalhador ou alteração das suas funções;
- Não atribuir novas oportunidades;
- Impedir um trabalhador de receber uma promoção bem merecida.
Remuneração:
- Cortes salariais;
- Não conceder os bónus ou aumentos anuais esperados.
- Impedir um colaborador de ganhar mais ao aceitar trabalho extra ou horas extraordinárias.
Condições de trabalho:
- Alterar o horário de trabalho;
- Aumentar as cargas de trabalho para níveis não razoáveis ou impossíveis de gerir;
- Retirar regalias, como um escritório ou um lugar de estacionamento;
- Forçar um empregado a mudar de casa.
Comunicação com o supervisor:
- Não discutir a trajetória profissional ou não dar feedback sobre o desempenho;
- Fazer “Ghosting” ou cancelar reuniões repetidamente;
- Não fornecer informações críticas relacionadas com o trabalho e as responsabilidades de um colaborador;
- Avaliar um empregado de forma injusta, dar feedback excessivamente duro ou criticar constantemente o seu trabalho;
- Não dar crédito a um colaborador pelo seu trabalho ou, pior ainda, dar o crédito a outros.
O que podes fazer numa situação de quiet firing?
1. Diagnostica a situação de forma racional
Existem circunstâncias objetivas que possam explicar as decisões que os teus gestores estão a tomar? Numa situação sensível, é fácil interpretar mal as ações das outras pessoas. Se o teu local de trabalho tornou-se verdadeiramente insuportável e está a prejudicar a tua saúde mental, talvez seja altura de te demitires. Contudo, deves certificar-te de que tens uma compreensão exata da situação antes de reagir.
2. Informa-te
Se queres saber que tipo de alterações às tuas condições de trabalho são ou não aceitáveis, tens de, primeiro, saber as regras e regulamentos da tua empresa. Além disso, deves manter-te informado sobre os critérios para promoções/aumentos e estruturas de compensação.
3. Documenta-te
Não só deves manter registos escritos das tuas realizações na empresa, como de quaisquer provas de que estás a ser vítima de quiet firing.
Certifica-te de que consegue demonstrar o valor que acrescentaste à empresa, preferencialmente com resultados tangíveis e quantificáveis. Bem como de que consegues demonstrar que estás realmente a ser vítima.
4. Comunica abertamente
Se estás preocupado com a sua situação, dirige-te ao teu superior e conversa abertamente e sobre como te sentes.
5. Procura ajuda jurídica
Às vezes, consultar um advogado pode ajudar-te a avaliar a gravidade de uma situação e a determinar a melhor forma de a resolver.
6. Protege a tua saúde mental
O quiet firing é uma situação que abarca muito stress. Isto pode ter um grande impacto na tua saúde mental, por isso pode ser boa ideia pedires ajuda a um especialista.
7. Tenta uma ação judicial
O principal objetivo do quiet firing é dificultar a ação judicial dos trabalhadores, mas isso não significa que não haja qualquer recurso. Para construir um caso legal, tens de provar que a empresa alterou as suas condições de trabalho de forma fundamental e injusta e que essas alterações provocaram danos reais e demonstráveis em termos de rendimento ou bem-estar.
8. Antes de te demitires, negoceia
Caso já seja claro para ti que a empresa quer expulsar-te e decidiste que não vale a pena ficar, podes fazer muito mais do que apresentar a tua demissão. Além disso, deves conversar com o teu superior, mostrando-lhe acreditas que a empresa está a tentar reduzir custos e negociando os termos em que aceitarias sair.
Não obterás necessariamente tudo o que pedires. Mas se a tua empresa te quiser deixar e não te quiser despedir, isso significa que tens uma vantagem na negociação.