Diz o adágio popular que é de pequenino que se torce o pepino, isto é, é nas idades mais jovens que se lançam as bases para o futuro. Isto assume critérios de verdade para muitas áreas, inclusive a da literacia financeira. Educação Financeira para as crianças? Vamos a isto.
Ao contrário do que é habitual ouvir-se, a literacia financeira não é um bicho-de-sete-cabeças e, com calma e bons exemplos, é possível simplificar a mensagem para que até uma criança perceba de forma intuitiva quais as melhores práticas financeiras.
Para ajudá-lo nesta tarefa, vamos dar-lhe nota de uma série de dicas que pode e deve seguir para que as crianças lá de casa absorvam mais facilmente os seus primeiros conceitos de educação financeira.
Dicas de educação financeira das crianças
• Explique-lhes que de onde vem o dinheiro e o que é poupar
Entre os 6 e 9 anos de idade, explique aos seus filhos que, para terem alimentos na mesa ou roupas novas, é necessário utilizar o dinheiro, dinheiro que provém do trabalho.
Ao vendermos uma parte do nosso tempo e da nossa força física e psicológica a uma empresa, ou seja, trabalho, a empresa paga-nos para isso permitindo-nos comprar alimentos ou pagar a eletricidade lá de casa.
A par da origem do dinheiro, aproveite para lhes explicar que para podermos comprar algo de que necessitamos ou desejamos, um brinquedo, por exemplo, temos de juntar dinheiro, o que implica poupar.
Uma boa forma de incentivar a poupança é oferecer às crianças um mealheiro para que elas coloquem o dinheiro que recebem no aniversário ou no Natal explicando-lhes que, quando tiverem juntado o suficiente podem comprar eles próprios o brinquedo ou a roupa que querem.
• Necessidade vs desejo
Para uma criança pode ser difícil distinguir entre um produto ou serviço necessário e um outro que é supérfluo. Quando vai às compras aproveite para lhes explicar que alimentos como frutas, legumes ou arroz são produtos necessários, enquanto bolos ou batatas fritas são apenas fruto do desejo e podem ser dispensáveis.
Esta distinção é ainda mais importante quando os seus filhos chegam ao ensino básico e pressão dos pares os leva a quererem as roupas e gadgets que estão na moda. Neste ponto, aproveite para os recordar e reforçar a distinção entre supérfluo, bem como a importância da poupança para que possamos comprar o que desejamos.
• Ajude-as a aprenderem a comparar preços
Quando for ao supermercado leve os seus filhos consigo e ensine-os a comparar preços entre produtos semelhantes e a escolherem levar aquele que apresenta uma melhor relação preço-qualidade/quantidade.
• Ensine-os a elaborarem um orçamento mensal
Estipule uma semanada ou uma mesada explicando-lhes que esse dinheiro deverá servir para pagar os lanches na escola e para eles comprarem algo que desejem. No final de cada semanada ou mesada, sente-os à mesa e ajude-os a fazerem uma lista com todos os gastos que tiveram.
A par disto, instigue-o a analisar se teria sido possível poupar para atingir determinado objetivo.
• O erro é normal
Não cometa os mesmos erros da Troika em Portugal na educação financeira das crianças. Não existe aquilo a que podemos chamar uma educação financeira perfeita, por isso encare o erro como normal, ainda para mais estando a falar de crianças.
Nestas tenras idades, o erro até pode servir par que as crianças interiorizem com mais facilidade e rapidez os conceitos que lhe ensinou.
Quando, por exemplo, o seu filho queira comprar algo mais caro do que aquilo que tinha previsto, explique-lhe que se os pais não tivessem uma folga orçamental, o produto escolhido tinha de ficar na prateleira.
Através de exemplos concretos, o seu filho vai ganhar capacidade de análise que o levará a tomar melhores decisões no futuro.