Os preços da eletricidade vão sofrer alterações para os clientes do mercado liberalizado. No passado dia 1 de julho entraram em vigor as novas tarifas de eletricidade definidas pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, medida que surge como forma de adequar a tarifa de Energia e as tarifas de Acesso às Redes às condições do mercado.
De acordo com a entidade reguladora, esta alteração acontece depois de a ERSE ter verificado um desvio acentuado entre as suas previsões de preço no mercado grossista e os preços reais que foram praticados. No sentido de evitar um desequilíbrio das contas ou desvirtuar do mercado, a entidade procedeu então a uma correção excecional nas tarifas de acesso que entrou em vigor no início do segundo semestre deste ano.
Qual o impacto das novas tarifas na fatura de eletricidade?
Como referimos, esta medida destina-se apenas aos clientes do mercado liberalizado e poderá consubstanciar-se, em função do comercializador, em subidas ou descidas na fatura mensal de eletricidade.
Entre janeiro e maio de 2023, as TAR (Tarifas de Acesso às Redes) mantiveram-se entre em terreno amplamente negativo o que ajudou a manter os preços da eletricidade controlado no mercado liberalizado.
Com esta medida, as TAR vão tornar-se menos negativas fazendo com que os comercializadores possam fazer aumentar a fatura. Por exemplo, no caso da Baixa Tensão Normal (BTN), faixa onde se enquadram os consumidores domésticos, a TAR passa de – 7,04 cêntimos por kWh, em janeiro, para 0,95 cêntimos por kWh, em julho o que pode levar a um aumento na fatura se o comercializador não quiser compensar a subida.
Ainda que alguns comercializadores terem anunciado que vão fazer baixar a fatura mensal de eletricidade para os seus clientes, a verdade é que estas anunciadas descidas podem, no final de contas, não serem suficientes para compensar o aumento das TAR resultando, deste modo, num aumento da fatura mensal.
De forma a tornear esta subida, a ERSE aconselha os consumidores a fazerem uso do seu simulador online e escolherem um comercializador que ofereça preços mais baixos.
Nota: relembre-se que o processo de mudança de comercializador de eletricidade é simples e gratuito, não havendo qualquer número máximo de mudanças estabelecido.
O que acontece com os preços da eletricidade para os clientes do mercado regulado?
De fora desta deste agravamento das TAR estão os clientes do mercado regulado que não irão ter qualquer alteração na sua fatura da eletricidade ao longo do segundo semestre de 2023.
Esta manutenção dos preços para os clientes do mercado regulado de energia deve-se, sobretudo, ao facto de a TAR ser compensada pela descida da tarifa de Energia, o que acaba por resultar num efeito nulo nas tarifas de Venda a Clientes Finais dos consumidores em Baixa Tensão Normal (BTN).
A este respeito, a ERSE esclarece que “os consumidores domésticos que permaneçam no mercado regulado ou que, estando no mercado livre, tenham optado por tarifa equiparada, as tarifas de Venda a Clientes Finais em BTN não sofrem qualquer alteração. O acréscimo da TAR é compensando por uma redução da tarifa de Energia”.
Na prática, isto significa que um casal sem filhos, com uma potência contratada de 3,45 kVA e um consumo de 1900 kWh/ano, a fatura média manter-se-á nos 36,62 euros, enquanto um casal com dois filhos, com uma potência contratada de 6,9 kVA e um consumo de 5000 kWh/ano, a fatura média manter-se-á nos 92,43 euros.