Cresce junto a ambientes altamente salinos, como é o caso da Ria de Aveiro, mas é no prato dos portugueses que a salicórnia tem vindo a fazer sucesso ao afirmar-se como uma alternativa vegetal ao sal.
O que é a Salicórnia?
Como referimos, a salicórnia é uma planta que cresce de forma natural em zonas costeiras e rias, isto é, em ambientes com elevado grau de salinidade. A sua aparência, com folhas verdes em forma de escama e caules suculentos com cerca de 40cm, remete-nos imediatamente para os espargos sendo por isso que também é denominada por “espargo do mar”.
Há, igualmente, quem trate por “sal verde”, uma vez que se tem vindo a afirmar como uma alternativa vegetal ao consumo de sal.
Apesar das suas características organoléticas serem o que mais salta ao palato, esta planta que, em Portugal, se desenvolve principalmente na ria de Aveiro, ria Formosa e outras zonas do Algarve, apresenta um extraordinário valor nutricional (por cada 100 gramas, fornece cerca de 38 kcal), uma vez que é rica em ácidos gordos polinsaturados, fibras e minerais como ferro e potássio.
Ainda que possua muito menos sódio do que o sal marinho (cloreto de sódio), como veremos no quadro comparativo que a seguir lhe apresentamos, a salicórnia deve ser consumida de forma moderada.
100gr | Qtd de sódio |
Sal | 40 000 miligramas |
Salicórnia fresca | 1393 miligramas |
Salicórnia seca | 9200 miligramas |
Salicórnia em pó | 18700 miligramas |
Benefícios do consumo para a saúde
Além do paladar, levemente salgado, e do seu valor nutritivo, o consumo de salicórnia traz inúmeros benefícios para a nossa saúde.
Rica em vitaminas e sais minerais, a salicórnia é repositora de eletrólitos, possui uma ação antioxidante, diurética, anti-tumoral, antidiabética, anti-inflamatória, imuno-estimulante e contribui para a prevenção de problemas de hipertensão arterial que podem vir a despoletar uma série de doenças do foro cerebrovascular.
Este último benefício é de extrema importância, uma vez que Portugal tem assistido a um preocupante aumento do consumo de sal, considerado um fator de risco para o aumento da pressão arterial da população e, consequentemente, para o crescimento da prevalência de doenças cardiovasculares (DCV).
Como possui quantidades mais reduzidas de sódio do que o sal (ver quadro), a salicórnia acaba por ser um importante aliado no combate às doenças cardiovasculares.
Salicórnia na Cozinha
Considerada até há alguns anos como apenas uma “erva daninha” e, por isso, longe das cozinhas portuguesas, o sabor, propriedades e benefícios da salicórnia lançaram-na para a ribalta gastronómica, inclusive internacional.
Seja fresca, seca ou em pó, a salicórnia tem múltiplos usos na cozinha já que a sua utilização dispensa a adição de sal na totalidade.
Por exemplo, para temperar em cru e cozinhar de seguida, as formas de salicórnia mais adequadas são a seca e em pó, já a salicórnia fresca, a que menos quantidade sódio apresenta, deve ser utilizada apenas no final da preparação culinária de forma a perseverar ao máximo as suas propriedades nutricionais.
O seu sabor levemente salgado adequa-se na perfeição a pratos de peixe e marisco, mas também pode ser utilizada em pratos de carne, especialmente o borrego.
Para além destes pratos, a preparação de caldos, sopas e até saladas são também uma boa forma de utilizar esta planta em detrimento do sal.