A dissociação é uma alteração na consciência que pode ocorrer em qualquer sítio, a qualquer hora. Mas o que é realmente? E como podes lidar com a situação?
Todos nós passamos por momentos nos quais desligamos da realidade que nos rodeia, especialmente em situações em que nos encontramos desinteressados, aborrecidos ou simplesmente fatigados.
A dissociação é uma condição que desperta sintomas semelhantes. No entanto, é totalmente diferente de um momento espontâneo de desconcentração, chegando até a afetar o dia a dia de uma pessoa.
Esta alteração na consciência (com diversos graus de gravidade) dá-se quando há um afastamento súbito por parte da pessoa, da sua realidade, que torna o indivíduo disperso, como se a mente tivesse simplesmente desvanecido do corpo.
Pode parecer irregular, mas, na verdade, este é um mecanismo de defesa da nossa mente contra elevadas quantidades de stress. Pode ser ativado a qualquer momento, sendo, no entanto, algo mais provável de ocorrer quando algo de mau acontece, como um acidente ou a morte de um ente querido.
A dissociação é também um sintoma habitual em pessoas com stress pós-traumático e transtorno de personalidade. Porém, condições do foro psicológico, como depressão e ansiedade, podem acarretar alguns graus de dissociação.
Sintomas
Quando o episódio de dissociação é mais leve, podemos sentir algo semelhante a uma “fuga” por parte da nossa mente. Não somos capazes de recordar simples conversas ou acontecimentos recentes.
No entanto, a dissociação patológica, apesar de semelhante, conta com uma lista maior de sintomas, como:
- Amnésia temporária;
- Sensação de o que nos rodeia não é real;
- Despersonalização;
- Alterações na percepção de identidades (a nossa, inclusive);
- Sintomas físicos, como tremores, sensação de formigueiro, suor excessivo, etc.
Causas
Quem passou por um ou mais eventos traumáticos ao longo da vida tem maior probabilidade de desenvolver uma dissociação patológica. Vítimas de abuso, negligência, maus-tratos, relacionamentos tóxicos ou até graves acidentes de trânsito ou mortes de amigos e familiares podem ser causas para esta condição.
Esta é, essencialmente, uma forma de a nossa mente nos informar que “não acredita” naquilo que se está a passar.
A partir daí, sons, cheiros e até pessoas podem remeter para este trauma, criando episódios dissociativos.
Tratamento para dissociação
Independemente do grau de gravidade, a terapia é sempre recomendada. Procurar acompanhamento psicológico é sempre a melhor maneira destes pacientes conhecerem e lidarem com o trauma, de forma a diminuir (ou até eliminar) os sintomas.
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é a prática mais convencional. Esta procura reduzir as respostas emocionais associadas a um trauma. Os pacientes são incentivados a refletir sobre si mesmos, bem como sobre o mundo que os rodeia. Este processo gradual de autorreflexão ajuda a substituir os pensamentos negativos por positivos, através do desenvolvimento de hábitos mais saudáveis.
Outra técnica possivelmente eficaz é a exposição ao trauma. Apesar de ser mais direta e complicada, podendo até criar alguns efeitos adversos (é também aconselhável o acompanhamento de um profissional de saúde), a mesma consiste na ideia de que enfrentar as lembranças de um trauma pode ajudar a modificar as reações ao mesmo, melhorando as respostas emocionais.