A luta pelo reconhecimento dos direitos LGBTQI+ está na agenda social, mas como será o panorama da diversidade no Trabalho? Foi isto que o estudo Diversidade no Trabalho 2021 dinamizado pela ManpowerGroup, multinacional em Recursos Humanos, foi tentar averiguar junto de trabalhadores e candidatos a emprego de empresas de 14 países, incluindo Portugal.
No nosso país, os dados não são particularmente animadores. Apenas 34% dos profissionais portugueses entrevistados e 41% do universo da comunidade LGBTQI+ sente abertura para revelar a sua orientação sexual no seu entorno laboral, o que deixa Portugal a meio da tabela e longe do líder e nosso vizinho Espanha, país em que metade dos trabalhadores afirmaram se sentirem totalmente à vontade para revelarem a sua orientação sexual.
Quando se passa à análise das respostas quanto ao assumir, ou não da orientação sexual em contexto de entrevista de emprego, os dados são divergentes e mostram que ainda muito há a fazer em matéria de diversidade em Portugal.
Quer pertençam ou não à comunidade LGBTQI+, 51,89% dos inquiridos revelaram acreditar ser mais benéfico para o candidato esconder a orientação sexual ao longo de um processo de recrutamento.
Este dado cai, porém, quando diz respeito apenas às respostas dos membros da comunidade, sendo que 41,39% têm a mesma convicção. Esta discrepância parece assim revelar um maior preconceito fora da comunidade LGBTQI+.
De acordo com o estudo Diversidade no Trabalho 2021 as Políticas LGBTQI+ e de diversidade são cada vez mais valorizadas
A diversidade nas empresas e as políticas LGBTQI+ que estas aplicam são vistas por 35,98% de quem procura novas oportunidades de emprego como um fator decisivo na escolha.
Este valor, que demonstra a importância deste tema para os candidatos, assume-se como o segundo mais elevado em contexto europeu, apenas ultrapassado por Itália, onde 41,31% coloca estas políticas como prioritárias no seu processo de decisão.
Novos modelos de trabalho contribuíram para uma maior inclusão
A generalização do teletrabalho e de modelos híbridos (teletrabalho e presencial) veio, de acordo com a análise do ManpowerGroup, confirmar que os novos modelos de trabalho têm um impacto positivo no grau de inclusão no local de trabalho em geral e, em particular, das pessoas LGBTQI+.
Assim, quase metade dos inquiridos (47,8%) afirmam ter experimentado, em diferentes graus, uma maior inclusão dentro da empresa. Contudo, 39% da comunidade LGBTQI+ a nível global e 33% em Portugal pensam que será mais difícil mostrar abertamente a sua orientação sexual ou identidade de género num ambiente remoto ou híbrido.
Os benefícios da diversidade nas empresas
O aumento da diversidade e inclusão aumenta a produtividade. Esta é a resposta que mais se fez ouvir quando se interrogou os trabalhadores portugueses quanto aos benefícios da diversidade no ambiente laboral.
79,22% de todos os inquiridos portugueses e 81,6% dos respondentes LGBTQI+ consideram que um ambiente de trabalho diverso é mais produtivo. Em linha com isto, 62,35% afirmaram que poder assumir a sua orientação sexual dentro do seu local de trabalho contribui em larga medida para que este aumento da sua produtividade aconteça.
Estas respostas ajudam a traduzir uma mensagem clara para os empregadores que, neste momento crítico em termos de escassez de talento (60% em Portugal), têm na defesa de uma política de inclusão uma forte uma alavanca para melhorar a capacidade de atração de talento das suas organizações.
Os dados do estudo ManpowerGroup Diversidade no Trabalho 2021 foram recolhidos através de quase 4800 respostas em 14 países (Áustria, República Checa, Alemanha, Grécia, Hungria, Israel, Itália, Portugal, Romênia, Eslováquia, Espanha, Suíça, Turquia e Reino Unido).