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NPC: o que é e quais os perigos?

NPC

Nos últimos meses muito se ouve falar do termo NPC e neste artigo vamos desmistificar um pouco sobre este termo e o porquê de agora se ouvir falar muito.

A sigla NPC significa “non-playable-character” ou em português personagem não jogável. Ou seja, no mundo gaming, principalmente de jogos RPG existem diversas personagens que não são controláveis pelo jogador como por exemplo: uma personagem numa loja que vende artigos que o jogador precisa para o seu jogo, que apenas tem poucas e repetidas falas. 

O papel de um NPC num jogo varia, podem ajudar o jogador no decorrer da história, apresentar mecânicas do jogo, ter papéis no enredo do jogo mais importantes ou apenas ter uma única função. 

Podes encontrar este tipo de personagens em diversos jogos como no GTA, com as pessoas que andam na rua ou os minions de League of Legends.

Mas não é por fazerem parte do mundo do gaming que se tem ouvido falar dos NPC nos últimos meses. A verdade é que em Julho deste ano, os NPC viralizaram na rede social TikTok quando a TikToker PinkyDoll publicou vídeos interpretando personagens NPC e reagindo a presentes e recompensas de quem via as lives.

O mais popular destes vídeos é o “Ice Cream So Good” que já ultrapassou 100 milhões de visualizações. Neste vídeo, a PinkyDoll recebe gelados virtuais como presente e reage com a frase que dá nome ao vídeo. Ou seja, ela interpreta um NPC usando apenas 1 fala e reagindo apenas quando interagem com ela.

Este fenómeno levou à criação de uma onda de “Lives NPC” onde os utilizadores que fazem a live interpretam uma personagem de NPC e vão reagindo consoante os presentes virtuais que os “espectadores virtuais” lhes vão oferecendo durante a transmissão. 

Esta nova moda virtual, além do entretenimento que tem gerado para quem assiste as lives, tem também levantando algumas questões preocupantes que surgem com os diversos avanços tecnológicos e a falta de algum “controlo” ou “regras” na utilização de várias plataformas: 

Dinheiro rápido e fácil

Os avanços tecnológicos vieram trazer um novo ritmo de vivência do dia-a-dia e com ele uma pressão para gerar resultados e dinheiro mais rápido. 

No entanto, as camadas mais jovens, estando ainda a desenvolver uma consciência do mundo que as rodeia, podem não ter uma noção de que gerar riqueza e gerar dinheiro rápido, não é sinónimo de se expor virtualmente para que em segundos, minutos tenham dinheiro nas suas contas. Este tipo de comportamento acarreta alguns perigos para quem se expõe, como também para quem assiste. Perigos esses que vão desde: potenciais fraudes bancárias, problemas comportamentais e de crenças relativamente à geração de riqueza em segundos, entre outros. 

Humilhação individual

Quem realiza e interpreta estes vídeos em direto, considera que está a interpretar um papel, uma personagem e a expressar-se artisticamente. O que não deixa de ser verdade, mas até que ponto pode esta interpretação levar a uma humilhação de quem está a desempenhar esse NPC? Durante essa encenação, o NPC reage apenas aos presentes que são enviados, sendo estes presentes algo como uma “ordem”. Assim como no mundo real existem pessoas que abusam e humilham o outro, no mundo virtual a exposição a este tipo de comportamento é ainda maior, pois não existe uma barreira física, real que estabeleça um limite entre o divertimento e a humilhação gratuita apenas para gerar dinheiro rapidamente.

Objetificação do ser humano

No seguimento do ponto anterior, vem também a questão da objetificação. Ouvimos falar muitas vezes da objetificação da mulher, mas neste caso vai mais além disso. Independentemente do género de quem interpreta NPC, o seu papel pode ser interpretado, visto e dar aso a uma objetificação. Ou seja, quem está a oferecer presentes para ter uma reação poderá estar a visualizar e interpretar aquela pessoa, não como um ser humano que está a interpretar uma personagem (como no cinema ou no teatro), mas sim como um “objeto animado” que reage consoante as ordens (presentes) que lhes são dados. 

Estas preocupações podem ser interpretadas como um extremo, no entanto, temos vindo a assistir cada vez mais a casos com consequências não desejadas, precisamente por questões destas que se levantam num mundo virtual, onde apesar das plataformas dizerem que existem regras e têm formas de controlar comportamentos perigosos por parte dos usuários, nem sempre isso é possível realizar. 

O mundo virtual é sem dúvida um mundo a explorar, onde podemos dar aso à nossa imaginação, criatividade, ter a nossa liberdade de expressão. Contudo, é necessário ter noção dos perigos que existem nesse mundo, dos limites nossos individuais e também do outro para que uma sessão de divertimento, entretenimento não se torne num perigo comportamental e para que a realidade não seja confundida com um jogo.

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